Quartinho (Montessoriano) do Inacio

25 de September de 2014

Eu nem me lembro direito quando e como eu cheguei no nome da Maria Montessori, só sei que assim que bati o olho percebi que o método que ela desenvolveu tinha muito a ver com o jeito que eu e o Rafa pensamos em criar o Inacio.

Pra quem não conhece, Maria Montessori foi uma educadora e a primeira mulher italiana diplomada em medicina (lá em 1896!). O método Montessori enfatiza a importância de se criar um ambiente adequado para o desenvolvimento da criança, capaz de permitir a livre expressão de suas capacidades e estimula a criança a aprender sozinha através das suas experiências. A ideia é dar autonomia, liberdade (com limites) e respeitar o desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas das crianças. O método foi pensado para ser algo fácil de ser seguido por todos, por isso foca em coisas bem simples e quanto mais natural, melhor!

Uma das coisas mais legais que li foi a respeito da preparação da casa, segundo Montessori. Geralmente, o que vemos em quartos de bebê de revista (muitos lindos, por sinal) são quartos decorados, na verdade, para adultos. Montessori defende que um quarto feito para o bebê tem que ser pensado pelos pais como se estivessem no campo de visão do bebê, ou seja: que quadros e imagens estejam na altura do bebê, que tenha liberdade para rolar pra fora da cama (com segurança, é claro) e que tenha livre acesso às suas coisas, por exemplo.

Algumas coisas do método que incorporamos ao quarto do Inacio:
– Quarto espaçoso e composto de poucos móveis;
– Colchão no chão;
– Tudo ao alcance da vista e das mãos;
– Espelho na altura do bebê, para que ele possa se conhecer;
– No armário há uma arara com poucas roupas e ao alcance para que ele possa se vestir sozinho (ainda não chegamos nessa fase, mas já está ali);
– Cantinho da leitura (que é aquela área aberta na estante, onde por enquanto é a casinha do Popeye hehe);
– Os nichos no chão para guardar alguns dos brinquedos.

O resultado?

Caminha no chão e muitas almofadas

Caminha no chão e muitas almofadas

Móvel que mandamos fazer com nichos baixos e sofazinho

Móvel que mandamos fazer com nichos baixos e sofazinho

Cômoda e trocador: esses são meio tradicionais mesmo hehe

Cômoda e trocador: esses são meio tradicionais mesmo hehe

A cama do Inacio é um colchão de berço que colocamos no chão com almofadas, cobertores e tapetinho EVA em volta. Ele dorme ali a noite toda desde os 2 meses de idade, e muitas vezes, pela manhã, encontramos o guri assim:

Rolando, explorando e se divertindo

Rolando e se divertindo

Outra coisa que pesquisamos na época em que ele não interagia muito com brinquedos foram os móbiles. Pedi para minha vó fazer o Gobbi e eu mesma fiz o de Octaedro. Ele não passava hooooras brincando, mas se distraia um pouco.

Móbiles Montessorianos: Gobbi e Octaedro.

Os móbiles: Gobbi e Octaedro.

O espelho ele também adora e fica um tempão se “admirando” (ou admirando o bebê que ele imagina estar preso lá hehe).

Acredito que nenhum método de criação de filho tenha uma garantia de 100% criança feliz, o que existe é o desejo de buscar o melhor. A gente não segue a risca o método Montessori, e acho que ainda temos muito para fazer e ler sobre, mas fazemos o possível para conseguir seguir essa linha de deixar o Inacio mais “solto” para explorar, criar e experimentar as coisas. :)

heart

Separei alguns links para quem ficou curioso ou quer começar aos poucos a adaptar o quartinho e a criação do pequeno para o estilo Montessori:

Para mamães com tempo e alguma habilidade manual:
– Tutorial passo-a-passo (em inglês, mas com muitas fotos) para fazer o móbile Gobbi: Parte I (fazendo as bolinhas) e Parte II (pendurando o móbile)
– Tutorial e molde para fazer o móbile Octaedro: Petit Mondo Montessori (em português) e Little Red Farm (em inglês).
Também tem outros móbiles com tutoriais por aí, é só procurar no Google por “móbile de dançarinos”, “munari mobile” ou “montessori mobile”.

Mais referências de quartos Montessorianos:
Criei um quadro no meu Pinterest só de referências fofas de outros quartos montessorianos, de onde tirei várias ideias legais.

Dicas de sites com atividades, ideias e mais sobre o método:
Lar Montessori
How We Montessori

Sobre ser a tal metaformose ambulante

22 de September de 2014

Raul Seixas

Mexer numa colméia? Viajar sem fazer revisão no carro? Ficar perdido no deserto? Que nada. Perigoso mesmo é ter ideias e um blog.

Ao mesmo tempo em que é ótimo compartilhar seus pensamentos aos milhões de bytes internet a fora, isso também quer dizer que eles ficarão gravados em uma memória pública e escancarada para quem quiser vasculhar sua mente ou está chegando agora e pega o trem andando, sem contexto algum. Mesmo que você delete ou edite algum post, sempre vai correr o risco de ter tido sua ideia “printada” ou divulgada viralmente sem controle algum. Na internet, falou, tá falado.

Quer mesmo saber? A gente muda de opinião. Ter seu histórico aberto não altera esse fato, e eu vejo uma coisa muito legal nisso tudo que é a gente poder perceber o quanto evoluiu, o quanto também mudou e o quanto podemos mudar sem que isso seja um problema. Pois é, tão difícil quanto querer mudar de ideia e não conseguir é querer mudar de ideia e simplesmente mudar. É o medo de ser julgado depois por pessoas que não entendem que você tem muito mais personalidade quando assume outra postura diante de x motivos do que quando tapa os ouvidos e bate os pés gritando seus ideais trancados a 7 chaves.

Mas as pessoas não são – e nem devem ser – tão enquadradas assim. A gente atira pedras, morde a língua e se arrepende muito. Apesar de ouvir incansavelmente a frase “Nunca diga nunca!” fala “nunca” pra caralho. É natural, é normal e não é motivo de vergonha, e sim de orgulho. Orgulho de ser quem você é hoje porque foi outra pessoa em outros momentos, e é só assim que conseguimos enxergar valor nas transformações, nossas e dos outros a nossa volta.

Com 13 anos eu dizia que não queria casar e nem ter filhos, e hoje eu tenho um bebê de 6 meses – mas ainda não tenho intenções de subir ao altar. Eu já escrevi aqui no blog que sou a favor da pena de morte e contra o aborto, e hoje penso exatamente o contrário. Eu já disse também que sentia uma vergonha gigante da Malu Magalhães com o Marcelo Camelo e hoje me sinto uma idiota por ter pensado isso porque adoro o casal e já li o quanto ela foi massacrada pela mídia e pelas pessoas na época em que o namoro começou. Vou fazer o que? Apagar os posts? Não, assim como mantenho no blog muitas outras opiniões, hobbies e pessoas que hoje não fazem mais parte da minha vida, mas um dia fizeram, oras. Esta é sua vida, encare-a de frente.

E que nada, nem ninguém, nos impeça de mudar de opinião outra vez, e de questionar as opiniões que nós temos já formadas. Melhor do que gritar “toca Raul!” é prestar atenção no que ele tenta nos dizer há anos. Não existe nada de errado em ser a tal da metamorfose ambulante.

Top 8 versões muito boas de músicas ruins

18 de September de 2014

Música tem muito do momento, né? Tem as para dançar, as para sentir, as para cantar – quase gritando – em roda com a galera, para ouvir enquanto cozinha ou faz faxina, para motivar na hora da corrida, etc. Mesmo assim, a gente sabe que existem músicas muito boas (arranjo e composição) e outras, bem… nem tanto. Para fazerem tanto sucesso, é claro que algo elas tem, pois grudam como um Trident no aparelho fixo, mas a gente SABE que não são graaaandes músicas, né? Daí eu resolvi fazer um Top Top de músicas ruins que foram transformadas em versões bem agradáveis de se ouvir. Confere aí:

8. Jayesslee – Gangnam Style (original: PSY)
Janice e Sonia são um sucesso no YouTube com alto teor de meiguice e fofura em uma só dupla. Mas quem diria que elas conseguiriam fazer uma versão fofa para Gangnam Style?

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7. The Baseballs – Hot ‘n’ Cold (original: Katy Perry)
A versão de The Baseballs faz a gente se sentir o Marty McFly juntando os pais em 1955 numa festinha de high school. Tem até cover deles pro nosso chicletinho do Teló, Ai Se Eu Te Pego. E tem também cover de músicas não tão ruins, como o incrível feito de fazer Chasing Cars não ser uma música mela cueca.

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6. Coeur De Pirate – Umbrella (original: Rihanna feat. Jay Z)
Confesso: eu gosto dessa música. Mas não é o tipo de música que eu curto ouvir em casa, logo de manhã ou enquanto trabalho, por exemplo. Já a fofa da Béatrice Martin transformou o hit dançante da Riri em um conforto pros nossos corações em uma tarde chuvosa. Pega um chá de erva-cidreira, abre o Pinterest na categoria de decoração, faz coraçãozinho com a mão e enjoy!

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5. Ben l’Oncle Soul – I Kissed a Girl (original: Katy Perry)
E parece que a Katy Perry é uma das rainhas de músicas ruins com bons covers hahaha O Ben é bem conhecido por ter feito uma versão de Seven Nation Army nesse estilo soul e tem também uma versão de Barbie Girl, que é inacreditável haha

heart

4. Travis – Hit Me Baby One More Time (original: Britney Spears)
Eu nunca gostei da Britney. Já Travis é uma banda que nem conheço direito mas, depois desse cover, já considero pacas. :)

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3. The Lost Fingers – Pump Up The Jam (original: Technotronic)
Essa banda é demais! Curto muito os arranjos que eles fazem e o conceito “lost in the 80s”, repaginando clássicos dos anos 80. Essa é minha preferida, mas também tem versão pra Voyage,Voyage, Billie Jean, Careless Whisper e outras.

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2. Noah Guthrie – Sexy and I Know It (original: LMFAO)
Aí você olha e pensa: “hm, um garoto com seu violão” e nem imagina que vai ouvir essa versão INCRÍVEL de Sexy and I Know It. Virei fã! E fiquei impressionada em como eu não presto atenção na letra de músicas de festa, aliás, nem sabia que músicas tipo essa tinham uma letra. Não é que elas existem? O Noah quase foi TOP 1, mas daí…

heart

1. Versão Bossa Nova de Show das Poderosas (original: Anitta)
Isso é um verdadeiro milagre. Ouviria fácil várias vezes seguidas esse cover, coisa que não acontece com a música original. O trio Tiago Galdino, Caio Alves e Gabriela Albuquerque resolveu brincar e olha no que deu. Mereceu o primeiro lugar no meu Top Top.

heart

E vocês, o que acharam? Deixem nos comentários outros bons covers para músicas nem tão boas assim! Além das transformações, é ótimo para conhecer novas bandas. :)

E nasce Inacio

4 de September de 2014

Sem anestesia, sem soro ou ocitocina sintética, sem episio e sem acento no nome. Assim eu escolhi que nascesse o Inacio.

Mas como eu fiz essa escolha e como foi o meu parto?

Pra quem não acompanhou toda a história no blog, eu tenho um namorado que se pudesse teria gerado 9 meses, parido e amamentado o filho. O Rafa participou muito, e foi compartilhando tudo que ele via e lia que eu me informei sobre o parto. Descobri que informação é poder, e tendo esse poder fica muito mais fácil decidir o que você quer e lutar por isso. Infelizmente, nem todo mundo sabe disso ou concorda e muitas mulheres abrem mão desse poder. Aqui no Brasil as coisas tomaram um rumo bizarro e acabou ficando difícil ter os nossos direitos na hora do parto. Difícil, mas não impossível! Saimos em busca e achamos as pessoas certas para nos acompanhar nesse momento, e assim conhecemos o Dr. Ricardo Jones e sua mulher, a enfermeira obstetriz Zeza Jones, e a doula Zezé.

Meu bebê estava previsto para o dia 04 de março de 2014. Adivinhem? Dia de Carnaval: Inacio já iria nascer sambando na cara da sociedade. Algumas pessoas me alertaram sobre mudanças de lua e eu, cética, nem prestei atenção nisso. Até que no dia 13/02 para 14/02 mudou a lua pra Lua Cheia. Passei mal. Dia 21/02 para 22/02 mudou a lua para Lua Minguante. Passei mal. Dia 28 de fevereiro para 01 de março iria mudar a lua pra Lua Nova. Lua NOVA! Coloquei na cabeça que, depois de ter passado por duas trocas de lua que me afetaram de alguma forma, era nessa que ia começar meu parto. Fiz biscoitos com forminhas de mamadeira e bercinho, deixei uma garrafa térmica cheia de chá e a bolsa da maternidade do lado da porta. Eu tinha C-E-R-T-E-Z-A que esse seria o dia.

Eu e o Rafa passamos o dia 01 todo meio que esperando aquela cena de filme, em que a bolsa estoura e começa a preparação de ligar para a doula, parteira, e… nada. À noite, um casal de amigos veio aqui em casa fazer uma janta, um quiche de cebola. Nada, nada, nem perto de eu me sentir diferente. Eles foram embora perto da meia noite e eu e o Rafa ficamos no computador, conversando, ouvindo música. Acabei dormindo de roupa mesmo atravessada no meio da cama e acordei lá pelas 3h da madrugada com uma espécie de cólica. Na verdade, eu acordei por causa da cólica. AHÁ! Sabia! Quiche de cebola indutor de partos. Falei pro Rafa que era pra ele contar os intervalos e fui pra baixo do chuveiro, pois sabia que se passasse não era nada. Fiquei gritando lá do chuveiro “começou!”… “deeeeu!” hahahaha Rafael tecnológico abandonou o caderninho e baixou rapidamente um aplicativo de contar o tempo das contrações. Fiquei com vergonha de ligar para a Zeza em plena madrugada (como se isso nunca acontecesse com ela) e esperamos um pouco mais. Enquanto isso, eu tava rindo e fazendo altos bullying com as minhas contrações dizendo “o queeee? é só isso? pffff, que dorzinha mais ridícula! manda mais pressão no útero que tá pouca!”. Sim, eu estava cutucando a onça com vara curta.

Depois de um bom tempo nessas de “mais uma!”… “cabôôô”, o Rafa ligou pra Zeza. Ela disse que era pra esperar ficar um pouquinho mais forte e chamar a Zezé, minha doula. Ligamos pra Zezé lá pelas 7h da manhã e ela prontamente tomou um café e veio aqui pra casa. Uhu! Trabalho de parto! A Zezé me explicou que era pra respirar tentando soltar o ar com a boca aberta e fazendo um som alto, tipo me libertando mesmo. Imaginar que estava ajudando também a abrir o caminho para o Inacio, e me abrir para uma nova fase. Me concentrei bastante para meu psicológico colaborar, já que ele é essencial no trabalho de parto, e foquei nos exercícios. Respira, rebola, se solta, aceita. O Rafa fez uns vídeos desse momento e eu parecia estar chapada. Sinal de que tudo estava indo bem! :)

Em casa

Em casa

Aí a Zezé me perguntou “dor de 1 a 5?” e eu respondi “ah, uns 3!”. Dava pra aguentar, apesar de já sentir uma dor mais desconfortável. Estávamos perto da 1h da tarde e ela achou que devia ligar pro Ricardo vir pra cá e fazer um exame de toque. Ele veio, comeu biscoitinho, fez o exame e já estávamos em quase 7cm de dilatação! Fiquei muito feliz! Estava tudo dando certo, fluindo, exatamente como eu queria e minha bolsa ainda estava intacta! Mas aí eu fiz mais alguns exercícios, agachando durante as contrações e… ela estorou! O Ricado pediu pra eu ficar mais uma hora no chuveiro que depois faríamos outro exame. Ok, nesse momento eu estava com a bola de pilates dentro da banheira, com uma mão me segurando num lençol amarrado na minha janela e outra mão segurando em outro lençol amarrado no meu box. Começou a ficar um pouco mais tenso o negócio. Eu já não me sentia muito bem em várias posições e as contrações estavam se vingando de mim. Próximo exame de toque: 9cm de dilatação! Só faltava mais 1cm para a dilatação total!

Mesmo eu tendo mudado de ideia na hora e topado um parto em casa, a Zeza estava de plantão e a gente decidiu que era hora de ir pro hospital Divina Providência, aqui em Porto Alegre. Eram 3h da tarde. Eu pensei que com 9cm estava a minutos de ter o bebê, que ele poderia nascer no caminho, dentro do carro. Ah, o carro… não foi uma boa experiência. Quem estava em outros carros e olhava pro banco de trás do meu provavelmente via algo parecido com isso:

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Dor de 1 a 5? Acho que 5.

Chegamos no hospital e já não gostei… estava com contrações fortes e tive que mudar de ambiente e nervosa pensando que alguém do hospital ia encher o saco com qualquer coisa. O Rafa ficou na recepção pra pegar papéis pra preencher e eu fiquei numa sala de pré-parto. Depois, quando fui pra sala de parto, por mais que o tempo passasse, parecia que o meu desenvolvimento tinha estagnado. Cancela o parto, galera, não vai rolar. Comecei a desistir. Zeza, Zezé e Ricardo me olhavam do tipo “ah, ela chegou na fase de desistir”, porque essa fase, gente, ela é real. Parece que simplesmente não vai dar, não vai evoluir, você vai ficar ali sentindo contrações pra sempre. Você está cansada e em outro planeta, querendo acreditar que a dor vai sumir e uma cegonha irá trazer seu bebê.

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Companheiros

Passaram-se umas 3 horas e eu não sentia a coisa andando. Comecei a ficar irritada porque me senti frustrada. Pô, 9cm de dilatação não é quase ganhando? Mas, hoje, eu vejo que foi exatamente essa expectativa e frustração que fizeram com que a parte final do meu trabalho de parto fosse mais lenta. Tenho várias lembranças embaçadas dessas 3 horas, e só consigo lembrar de chegar no hospital / Zeza chegando na sala / eu sentada no colo do Rafa / eu no chuveiro / eu na cama já de cócoras. Eu, pessoa sedentária que se quisesse dançar até o chão numa festa sentiria os joelhos tremerem e perigando não levantar nunca mais, de cócoras.

cadeira

Tenso!

Tenso!

Eu não me preparei para esta posição e jamais pensaria que ia conseguir parir assim. Embora exista a dor, o expulsivo venha com ardência e por alguns segundos parece que tudo é impossível, isso é muito diferente de SOFRER. É difícil, é um momento de transição, e todo momento de transição é dolorido. Porém, nem sempre é sofrido. Meu expulsivo foi dolorido e um pouco devagar, mas de um segundo pro outro o Inacio nasceu! Às 7h14 da noite, com 4,300kg e 52cm.

Parto

Parto

E aí, de repente, não sentia mais dor nenhuma! Era como se nunca tivesse sentido. Tudo estava bem, não fosse o azar de pegar uma pediatra plantonista que levou o Inacio, sem deixar ele mamar. Segurei ele rapidamente depois do parto, em meio a conversas meio preocupadas das enfermeiras do hospital, que pareciam nunca ter visto um parto normal. Parto domiciliar para o próximo filho, sim ou com certeza?

A expulsão da placenta foi super tranquila, mas tive que dar alguns pontos por causa de lacerações. O Inacio ficou um tempo em observação e eu também, e mais à noite subimos pro quarto. Estava bem cansada, mas com um filhinho lindo dormindo do meu lado! :) O meu mamutinho. Não tive ataque de pânico, não tive problemas de dilatação e acho que mesmo que eu tenha aprendido a confiar mais no meu corpo, foi super importante estar com pessoas que também confiaram. A Zezé e a Zeza parece que criaram um círculo de energia feminina ao meu redor e isso dá muita força, é algo quase mágico. Missão cumprida com sucesso! E ali começava a Era Inacio…

heart

Inacio

Rafa e Inacio

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Nós

A finaleira – último trimestre da gravidez

22 de July de 2014
Barrigón viajante

El barrigón viajante – 7 meses

O último e derradeiro trimestre, enfim, chegou. E foi o mais movimentado!

Aproveitei que minha gravidez estava normal e saudável, com todos os exames em dia e planejei uma viagem com o Rafa e a sogra. Quem viaja com a sogra? Eu aqui! Com 7 meses de gravidez, fomos visitar os hermanos aqui do lado fazendo o roteiro Montevideo, Colônia del Sacramento e Buenos Aires. Me surpreendi com o quanto que aguentei caminhar – ainda mais no calorão que fez em dezembro por lá. Caminhei mais do que Forrest Gump correu, subi de escadas o farol de 27 metros de altura de Colônia, comi alfajor e sorvete Freddo e voltei um pouco mais pobre, mas feliz. E ainda grávida, beeem grávida.

No terceiro trimestre também foi quando montamos o quartinho do Inacio. Seguimos muitas coisas do método Montessori pro quarto, então pretendo fazer um post mostrando detalhes, já que tem várias coisas diferentes – como a ausência do berço, por exemplo.

Com nosso obstetra e parteira definidos, também estava decidido que meu parto seria normal e sem nenhuma intervenção desnecessária e/ou que eu não quisesse, como a indução com soro+ocitocina sintética, a anestesia e a episiotomia. Racionalmente, eu já tinha lido bastante, tinha o apoio do Rafa (o apoio do parceiro é o principal para a grávida!), tinha plena confiança nos profissionais que eu escolhi para estarem comigo durante o parto e sabia que estava escolhendo a melhor opção que existe pro meu bebê nascer. Mas, no fundo do meu âmago, comecei a ter muitas dúvidas se EU era o tipo de pessoa para este parto. Quem acompanha o blog sabe que já sofri com crises de pânico e faço tratamento para isso, além de me auto julgar uma “cagona”. Aí essa pessoa decide fazer um parto natural, WTF? Eu via entrevistas com outras mulheres que decidiram pelo PN e pensava “esse é o tipo de mulher que eu QUERO SER, não o que eu SOU. será que não estou tomando uma decisão que não vou conseguir enfrentar?”. Eu nunca fui aquela pessoa de atitude, super determinada e destemida. Eu sempre quis ser assim, mas a verdade é que passei anos queimando – quase – todos os meus neurônios me remoendo de ansiedade, com incertezas sobre tudo, sempre assombrada pelos “e se…” da vida. E esses eram meus medos somente em relação ao parto, ainda tinha toda uma névoa sobre o futuro de ser mãe e criar uma criança!

Mas aí, a terapia mostrou seu valor novamente. Me dei conta de que, mesmo que eu não seja a menina que se joga do bungee jump sem pensar e vive a vida sabendo (ou achando que sabe) exatamente o que quer, eu tinha uma vida resultado de muitas escolhas que talvez fossem bem difíceis para outras pessoas, mas eu fui lá e fiz. É só lembrar dos posts Retrospectiva Whatever e Retrospectiva Whatever – Parte II. Outra coisa que ajudou foi que minha parteira, a Zeza, criou um grupo com as mães que teriam filhos em março e nós nos reuníamos duas vezes por semana para tirar dúvidas, ver vídeos, conversar. Ela distribuiu materiais com mais informações sobre o que acontece durante o parto, deu dicas de como cuidar de um recém nascido, como colocar o sling, o que é mito e o que não é, como funciona a amamentação. Enfim, tudo que eu precisava! Depois do primeiro encontro, criei uma confiança de que tudo ia dar certo e fiquei bem mais tranquila.

Considero que meu final de gravidez muito bom, mesmo que eu tenha enfrentado um verão de calor infernal. Minha principal atividade era dormir, com algumas dificuldades, claro. Veja bem, a Moca foi acostumada a dormir na cama com a gente e considero este dano irreversível. Ela dorme nos meus pés ou posicionada estrategicamente atrás dos meus joelhos, então faz peso nas minhas pernas (oi caimbras!) e dificulta quando quero me virar. Além disso, ela também “trava” o lençol e eu acordo com frio. Pior que marido sem noção! Aí minha maior alegria de dormir, que era me espatifar de bruços com uma perna em cada continente e jogando os braços pra cima batendo na palma da mão ignorando total que existem mais seres na cama comigo não era mais possível por motivos de: barriga. A cereja do bolo é o Rafa, que gosta de colocar a pequenina perna dele por cima de mim. Fiz uma ilustração, pra vocês entenderem melhor:

Sleeping during pregnancy

MESMO ASSIM, dormi mais do que nunca. Tinha dias em que eu acordava, almoçava e dormia de novo. Acho que levei muito a sério quando me disseram “dorme agora, porque depois tu vai passar um booom tempo sem dormir”. Além disso, a data provável se aproximava e esse era o melhor jeito de esperar o Inacio.

E a minha barriga? Bom, dá uma olhada na última foto que tirei antes do Inacio nascer, horas antes de começar o trabalho de parto:

Última foto grávida - 39 semanas

Última foto grávida – 39 semanas

No próximo post, é claro, eu conto como foi o parto e se eu infartei/tive ataque de pânico/vomitei/arreguei ou não! :P