Mal de parkinson depilatório

7 de January de 2009

Eu já falei sobre depilação aqui, e continuo me depilando com cera com a mesma pessoa. Porém, ah porém, às vezes surgem aqueles imprevistos. Um convite inesperado para uma piscina, e você tá lá, beirando o chewbacca. Bate aquele leve desespero, e o que acontece? Um buraco luminoso abre no céu e aparece uma gilette flutuante com raios dourados na sua frente. É o milagre da vida, o fim dos pêlos. Oremos para Santa Lisa de Deus.

Tudo seria uma boa saída se eu não tivesse um pequeno problema de coordenação motora com as minhas mãos. Talvez seja por excesso de culpa, já que todos sabemos que usar a gilette é algo feio, bobo e recriminado pela Igreja Católica, pois mutila os pêlos ao invés de retirá-los pela raíz. Então, acontece o temido: eu sempre me corto. Sempre. Ou é na parte da frente da canela, ou do lado no tornozelo. Aí eu descubro que aquela luz que abriu não era do céu e sim do inferno, porque nunca é um simples corte. Não, é sempre algo que nunca mais pára de sangrar. Mas isso acontece na primeira perna e eu ainda tenho a outra (e agradeço por isso, mas…) pra depilar, dando início à difícil tarefa de conter o jorro incrível de sangue de um lado enquanto depilo o outro.

Quando acabo, saio do banheiro para o quarto, deixando um rastro de sangue tipo soldado voltando da guerra. Se alguém perguntar o que houve, não gosto de admitir que sofro de mal de parkinson depilatório e respondo “nada”, o que só agrava a situação. E menos de cinco minutos, mais de 10 pessoas estão batendo na porta e tem uma sirene de ambulância no portão. Eu continuo sangrando por horas, e então resolvo que o melhor a fazer é simplesmente vestir uma calça para sempre e jamais me relacionar com alguém que tenha piscina em casa.

Ok, pode não ser bem assim, vai… mas é incrível como sangra aquele porcaria de corte.

Confusão em dose dupla

6 de December de 2008

Não, isso não é o nome de nenhum filme da Sessão da Tarde. Essa foi a minha tarde de sábado. Eu juro que só pensei em fazer as unhas, mas quase destruí famílias. Foi assim… *efeito de transição de imagem para cenas de flashback*

Uma das minhas metas de final de ano (é, eu tenho metas de final de ano, porque as do começo teimam em desaparecer) é investir em mim. Por isso, comecei a tal drenagem linfática (siim, agora eu tenho feito direitinho!) e me determinei a fazer as unhas no salão novo que abriu aqui na esquina toda semana. São surtos de peruísse que fazem bem à alma, e tudo que eu mais queria era chegar em casa e continuar nesse clima, estalando os dedos e pedindo ao Jarbas uma taça de champagne. Mas por enquanto ainda estou na base do berro com “mãããe, Nescaaau!” mesmo. Voltando ao assunto, passo tanto ali na frente do novo salão que decorei o número de cabeça.

Capítulo 1

Casualmente, sábado eu fiquei na dúvida se o final do telefone ali era 9213 ou 9312. Tive que ligar pros dois, e já no primeiro atendeu uma mulher se dizendo da Cia do Cabelo. Hm… acho que é esse o nome. Consegui hora pras 14h30, bem o horário que eu queria. 14h30 então eu fui ali pro salão, paguei adiantado e fiquei lendo uma revistinha esperando minha vez. O salão é pequeno e eles recém estão começando, ainda sem muita experiência, só tem uma manicure. Senti borburinhos e uma certa correria. A pequena equipe do salão se reuniu no balcão da recepção, e eu ouvi um:
– Como é teu nome?
– Bruna.
– Hm.. tu marcou que horas?
– Duas e meia.
– Uhum.. pelo telefone?
– Sim.
– Lembra quem te atendeu?
– Não.
– Uhum…

*caras de desespero. tensão no ar*

Perguntei se estava marcado, fiquei sabendo que não. Começou uma pseudo-discussão sobre quem fez a tal cagada, que faltava organização lá, que a partir de hoje só uma pessoa ia atender ao telefone, que esse era a última vez que algo dava errado. Disse pra eles que não me importava, morava perto e que deixava meu telefone pra quando tivesse uma hora. Pediram mil desculpas, anotaram que tava pago, pediram mais três desculpas e disseram que me encaixariam as 15h30. Vim pra casa não acreditando que errei o número do telefone e que o engano deu exatamente em outro salão.

Continue acompanhando esta louca aventura abaixo!


Capítulo 2

Contei pra minha mãe do acontecido, rimos muito, liguei pro meu namorado, rimos muito, fui deitar pra ver Caldeirão. Lembrei que o André tinha me dito pra ligar lá e me desculpar, dizer que foi um erro meu. Ignorei a frase dele, porque seria o maior mico fazer isso. Preferia assumir a idéia de que eu era uma semeadora da discórdia. Gosto de marcar hora nos lugares e não ir, pedir pizza na casa dos outros, ligar pra uma farmácia e encomendar um cento de enroladinhos de salsicha. Essa sou eu. Bom.. na verdade não. Minha consciência pesou depois do Musa do Brasileirão e resolvi ligar e esclarecer a confusão. Disquei o número contrário daquele primeiro.

– Oi, eu sou a Bruna. Acabei de sair daí.
– Oi!
– Olha só, entendi o que aconteceu! Eu liguei pro 9312 ao invés de 9213 e deu a coincidência de cair em outro salão, acredita? Então, marquei lá achando que era aí.
– Ahhh tá!
– E até o nome é parecido, é Cia do Cabelo.
– Nossa, muita coincidência! Aqui é Cabelo e Cia!
– he-he
– Então tá, mas a gente tenta te encaixar aqui.
– Ok.

*desligo o telefone confusa*

Cabelo e Cia? Putaquepariu. Não era esse o nome do salão da esquina não. Lá é Espaço Cabelo! Não acredito, pra quem eu liguei agora?

Foram momentos muito confusos em que pensei em nunca mais ligar pra nada, nem ninguém. Vi Lata Velha e voltei lá as 15h30. Constatei, enfim, que era Espaço Cabelo E CIA! Rá! Não estava totalmente no caminho do mal. Porém, uma velha tinha se atrasado e chegou justamente no meu horário. Mais desculpas e voltei pra casa. Assisti toda a Sessão da Tarde – Katie Holmes em: A Filha do Presidente.

Capítulo 3

No fim, fui atendida as 19h, pegando o horário da depiladora. Pintei as unhas de uma cor tão horrível que não sei se foi ironia do destino, uma autopunição inconsciente ou pura sacanagem da manicure. Parece que eu peguei uma caneta marca-texto rosa e pintei as unhas. Só sei que é a cor mais feia de todos os esmaltes do mundo.

Don’t touch my stuff

26 de November de 2008

Eu acho que é um mal de filha única, mas também acredito que tenha a ver com meu signo. Eu sou terrível pra emprestar coisas. Tenho um ciúmes danado de tudo que é meu e reza a lenda que quando pequena eu trancava a porta do meu quarto quando os filhos das amigas da minha mãe vinham aqui em casa. Ok, eu me lembro perfeitamente de parar na frente da porta e dizer “não existe nada pra lá, a casa termina aqui!” e tentar convencer uma criança menor do que eu de que talvez aquela porta fosse um erro arquitetônico, vai saber?!

A questão é que pouco disso mudou no alto dos meus 22 anos. Mas estou melhorando, é verdade. Já não páro mais na frente da porta, e ano passado emprestei uma box de Friends e outra de Seinfeld pro meu melhor amigo, que tinha feito uma operação no joelho e provavelmente ficaria de molho um tempo. Foram meses fingindo naturalidade e tranquilidade, tentando dar os ares de alguém que tinha mais o que pensar do que em qual dvd player tocavam meus DVD’s. A verdade é que me contorcia na cama sonhando que alguma das box poderia voltar com marcas de dedos, um risco de caneta, ou, pior ainda, um dos cantinhos levantado.

Não gosto de pensar em emprestar maquiagens, roupas, livros, DVD’s. Mas estou trabalhando bem com a idéia de emprestar canetas BIC na aula. Apesar de tudo, não sou uma pessoa materialista, antes que joguem meu nome na Medina. É aí que acho que entra o lado canceriana de ser, pois eu agrego muito valor à essas coisas. Elas parecem únicas pra mim, mesmo que existam outros exemplares, modelos, etc. Guardo porcarias que meu pai me deu só porque foi ele que me deu, e isso inclui um chaveiro de bicho horrendo laranja de mola, mistura de hipopótamo com tamanduá.

E depois de todas essas constatações, não é de se estranhar a minha reação diante da pergunta do meu namorado – que aprendeu muito bem a dividir os materiais com os coleguinhas: Que tu acha de reunir o pessoal aqui em casa pra fazer a inauguração do meu Wii?

*olho pra ele, séria. grande suspiro. olho pra frente de novo.*

Ah, por favor. Todo mundo sabe que meu Wii seria guardado numa redoma de vidro em algum lugar das Antilhas Holandesas, onde eu jogaria o mesmo jogo pra sempre só pra não ter que comentar nada com ninguém. Com luvas descartáveis, claro.