Então eu queria começar a fazer yoga (ou, como diria a Ingrid Guimarães, pra ser cool se fala praticar yÔga). Como classe média complexada, mão de vaca inveterada e sem saco de pedir dinheiro e argumentar com meu pai, fui procurar lugares que oferecem esta bela filosofia de vida de grátis! Achei um centro de atletismo, bem pertinho aqui de casa, onde fui informada que os portões abririam as 7h da manhã, mas que eu poderia ir antes porque tinha fila pra distribuição de filas. Repensei o tamanho da minha força de vontade e fui, cambaleando de sono, num dia de garoa, pra fila do CETE. Tinham crianças lá. Tinham velhas lá. Tinham pessoas caminhando na pista. Gente, alooou! É madrugada e vocês estão aí com a maior naturalidade do mundo! E, óbvio, pessoas desocupadas sedentas por qualquer coisa grátis se amontoaram com a voracidade de leões pra cima das tais fichas. Tá, não foi bem assim, era por ordem de chegada mesmo, mas enfim, oito vagas de Yoga gratuitas se foram em, sei lá, um desvio de olhar. Fiquei chateada, mas já que estava lá fiquei pra ver o que mais me ofereceriam. Um cafezinho? Aceito. Uma meia? Aceito. Furada? Hm… Ok! Sem par? Ahhh, que seja! Então me inscrevi pra fazer GAP. Parece um nome chique de algo super elaborado que você faz com acessórios tecnológicos, mas é apenas a sigla de Glúteos, Abdômen e Pernas. Minha mãe descobriu um dia depois e também se decepcionou, mas enfim.
Hoje foi minha primeira aula (depois de ter matado as duas primeiras pra ver Coração de Estudante).
Antes, preciso dar um rápido contexto da minha vida de atleta. Com 6 anos a minha Ed. Física era descer escadas do colégio num colchão velho, aos 8 minha prof. chamou minha mãe porque eu tinha medo da bola, aos 10 eu estava na natação, expert no exercício de procurar os brinquedos que fazem “squeeze” escondidos na piscina, aos 13 eu fingia cólica pra ficar sentada no banco do ginásio e com 17 eu era uma super goleira motivadora do pior time das meninas da turma. Eu fiz academia por um tempo, e saia de lá me sentindo a pessoa mais saudável do mundo, mas academia cansa e eu voltei pro meu esquema “escola, cinema, clube, televisão“. Cinco anos depois, me deparo com uma aula com colchonetes, exercícios, bundinhas flácidas e o pessoal de meia num tatame, em plena Forno Alegre com -30% de umidade e o sol a pino das 3 da tarde batendo na cara através do teto de vidro. A maioria das pessoas devia ter em torno de 40-50 anos, e eu, com meus belos 21 aninhos, fui a que mais reclamou durante toda aula. Sério, minhas pernas (e até os braços, eu nem sei como) tremiam, fiquei com cãibra na panturrilha, fiz 6 abdominais (com o pensamento fixo de que meu abdômen já é bem definido e não preciso disso) e consegui esticar meu braço mais ou menos até o joelho na hora do alongamento, devido à minha extrema facilidade com flexibilidade.Só tenho uma coisa a dizer: ¬¬.
Tudo bem, com certeza segunda-feira que vem eu estarei mais acostumada. É, segunda. Estou pensando em começar a ver Cabocla e matar a aula de quarta e sexta. ¬¬