Confusão em dose dupla

6 de December de 2008

Não, isso não é o nome de nenhum filme da Sessão da Tarde. Essa foi a minha tarde de sábado. Eu juro que só pensei em fazer as unhas, mas quase destruí famílias. Foi assim… *efeito de transição de imagem para cenas de flashback*

Uma das minhas metas de final de ano (é, eu tenho metas de final de ano, porque as do começo teimam em desaparecer) é investir em mim. Por isso, comecei a tal drenagem linfática (siim, agora eu tenho feito direitinho!) e me determinei a fazer as unhas no salão novo que abriu aqui na esquina toda semana. São surtos de peruísse que fazem bem à alma, e tudo que eu mais queria era chegar em casa e continuar nesse clima, estalando os dedos e pedindo ao Jarbas uma taça de champagne. Mas por enquanto ainda estou na base do berro com “mãããe, Nescaaau!” mesmo. Voltando ao assunto, passo tanto ali na frente do novo salão que decorei o número de cabeça.

Capítulo 1

Casualmente, sábado eu fiquei na dúvida se o final do telefone ali era 9213 ou 9312. Tive que ligar pros dois, e já no primeiro atendeu uma mulher se dizendo da Cia do Cabelo. Hm… acho que é esse o nome. Consegui hora pras 14h30, bem o horário que eu queria. 14h30 então eu fui ali pro salão, paguei adiantado e fiquei lendo uma revistinha esperando minha vez. O salão é pequeno e eles recém estão começando, ainda sem muita experiência, só tem uma manicure. Senti borburinhos e uma certa correria. A pequena equipe do salão se reuniu no balcão da recepção, e eu ouvi um:
– Como é teu nome?
– Bruna.
– Hm.. tu marcou que horas?
– Duas e meia.
– Uhum.. pelo telefone?
– Sim.
– Lembra quem te atendeu?
– Não.
– Uhum…

*caras de desespero. tensão no ar*

Perguntei se estava marcado, fiquei sabendo que não. Começou uma pseudo-discussão sobre quem fez a tal cagada, que faltava organização lá, que a partir de hoje só uma pessoa ia atender ao telefone, que esse era a última vez que algo dava errado. Disse pra eles que não me importava, morava perto e que deixava meu telefone pra quando tivesse uma hora. Pediram mil desculpas, anotaram que tava pago, pediram mais três desculpas e disseram que me encaixariam as 15h30. Vim pra casa não acreditando que errei o número do telefone e que o engano deu exatamente em outro salão.

Continue acompanhando esta louca aventura abaixo!


Capítulo 2

Contei pra minha mãe do acontecido, rimos muito, liguei pro meu namorado, rimos muito, fui deitar pra ver Caldeirão. Lembrei que o André tinha me dito pra ligar lá e me desculpar, dizer que foi um erro meu. Ignorei a frase dele, porque seria o maior mico fazer isso. Preferia assumir a idéia de que eu era uma semeadora da discórdia. Gosto de marcar hora nos lugares e não ir, pedir pizza na casa dos outros, ligar pra uma farmácia e encomendar um cento de enroladinhos de salsicha. Essa sou eu. Bom.. na verdade não. Minha consciência pesou depois do Musa do Brasileirão e resolvi ligar e esclarecer a confusão. Disquei o número contrário daquele primeiro.

– Oi, eu sou a Bruna. Acabei de sair daí.
– Oi!
– Olha só, entendi o que aconteceu! Eu liguei pro 9312 ao invés de 9213 e deu a coincidência de cair em outro salão, acredita? Então, marquei lá achando que era aí.
– Ahhh tá!
– E até o nome é parecido, é Cia do Cabelo.
– Nossa, muita coincidência! Aqui é Cabelo e Cia!
– he-he
– Então tá, mas a gente tenta te encaixar aqui.
– Ok.

*desligo o telefone confusa*

Cabelo e Cia? Putaquepariu. Não era esse o nome do salão da esquina não. Lá é Espaço Cabelo! Não acredito, pra quem eu liguei agora?

Foram momentos muito confusos em que pensei em nunca mais ligar pra nada, nem ninguém. Vi Lata Velha e voltei lá as 15h30. Constatei, enfim, que era Espaço Cabelo E CIA! Rá! Não estava totalmente no caminho do mal. Porém, uma velha tinha se atrasado e chegou justamente no meu horário. Mais desculpas e voltei pra casa. Assisti toda a Sessão da Tarde – Katie Holmes em: A Filha do Presidente.

Capítulo 3

No fim, fui atendida as 19h, pegando o horário da depiladora. Pintei as unhas de uma cor tão horrível que não sei se foi ironia do destino, uma autopunição inconsciente ou pura sacanagem da manicure. Parece que eu peguei uma caneta marca-texto rosa e pintei as unhas. Só sei que é a cor mais feia de todos os esmaltes do mundo.

Don’t touch my stuff

26 de November de 2008

Eu acho que é um mal de filha única, mas também acredito que tenha a ver com meu signo. Eu sou terrível pra emprestar coisas. Tenho um ciúmes danado de tudo que é meu e reza a lenda que quando pequena eu trancava a porta do meu quarto quando os filhos das amigas da minha mãe vinham aqui em casa. Ok, eu me lembro perfeitamente de parar na frente da porta e dizer “não existe nada pra lá, a casa termina aqui!” e tentar convencer uma criança menor do que eu de que talvez aquela porta fosse um erro arquitetônico, vai saber?!

A questão é que pouco disso mudou no alto dos meus 22 anos. Mas estou melhorando, é verdade. Já não páro mais na frente da porta, e ano passado emprestei uma box de Friends e outra de Seinfeld pro meu melhor amigo, que tinha feito uma operação no joelho e provavelmente ficaria de molho um tempo. Foram meses fingindo naturalidade e tranquilidade, tentando dar os ares de alguém que tinha mais o que pensar do que em qual dvd player tocavam meus DVD’s. A verdade é que me contorcia na cama sonhando que alguma das box poderia voltar com marcas de dedos, um risco de caneta, ou, pior ainda, um dos cantinhos levantado.

Não gosto de pensar em emprestar maquiagens, roupas, livros, DVD’s. Mas estou trabalhando bem com a idéia de emprestar canetas BIC na aula. Apesar de tudo, não sou uma pessoa materialista, antes que joguem meu nome na Medina. É aí que acho que entra o lado canceriana de ser, pois eu agrego muito valor à essas coisas. Elas parecem únicas pra mim, mesmo que existam outros exemplares, modelos, etc. Guardo porcarias que meu pai me deu só porque foi ele que me deu, e isso inclui um chaveiro de bicho horrendo laranja de mola, mistura de hipopótamo com tamanduá.

E depois de todas essas constatações, não é de se estranhar a minha reação diante da pergunta do meu namorado – que aprendeu muito bem a dividir os materiais com os coleguinhas: Que tu acha de reunir o pessoal aqui em casa pra fazer a inauguração do meu Wii?

*olho pra ele, séria. grande suspiro. olho pra frente de novo.*

Ah, por favor. Todo mundo sabe que meu Wii seria guardado numa redoma de vidro em algum lugar das Antilhas Holandesas, onde eu jogaria o mesmo jogo pra sempre só pra não ter que comentar nada com ninguém. Com luvas descartáveis, claro.

Emagreça dormindo

18 de November de 2008

É rápido, é prático. Nesse post, vou ensinar o melhor método de perder aquela barriguinha indesejada, ou aqueles pneuzinhos que teimam em continuar no seu corpo mesmo depois da dieta, e ficar pronta para o Verão.

Minha melhor amiga, que vai se formar em Janeiro, veio com a idéia da gente fazer drenagem linfática. Ela tinha uma indicação bem barata, e eu achei que seria uma boa experimentar algumas sessões pra ver o quanto faz diferença. Marcamos pra sábado de manhã.

Chega quinta-feira, fui almoçar com o André no América. Já faz algum tempo que descobrimos o meu prato preferido de todo o Iguatemi: Veggie Burguer. Lembra um pouco o Veggie Fiona, já extinto do Mc, mas é mais caro. Depois, fomos ver Rockanrolla (muito bom, próximo post eu comento os filmes atrasados). Quando eu saí do cinema, minha cabeça parecia que ia explodir! Cheguei em casa e não conseguia me concentrar em nada no computador. Comecei a passar muito, muito, muito mal! Tive dor de estômago, diarréia e vômito a noite toda, acordei de hora em hora, e justamente na sexta-feira eu precisava ir à aula pra apresentação de um trabalho (oi Murphy!). Levantei com aquela vontade e fui pra aula branca, já prevendo o momento em que eu desmaiaria no meio de uma longa e entusiasmada dissertação sobre o fait divers de Barthes ou ainda vomitaria encima do meu professor que já me assusta por ter mãos pequenas demais e um olho de vidro. Consegui sair viva e com a roupa limpa da aula e fui esperar minha melhor amiga pra voltar. Fiquei me entretendo com a sutil manifestação de um grupo de alunos da História que estavam cochichando num megafone as injustiças das eleições do DCE, DRC, DCR ou seja lá como chama o grupo de alunos que enganam toda a PUCRS há 18 anos. Enfim chegou a minha amiga, que ao perguntar “tá melhor?” foi como se tivesse me dado um soco no estômago e me obrigado a responder “não, acho que vou vomitar”. Sim, eu vomitei na PUC. Foi maçã, foi horrível. Ela fez um escândalo tão grande no bar que conseguiu fazer toda a fila gritar por água. Voltei pra casa, deitei na cama e lá fiquei vendo toda a incrível grade de programação da Globo com meus 39ºC de febre. Meu final de semana foi em recuperação tomando piscinas de água.

Foi uma virose? Um Veggie Burguer estragado? Uma praga do velho Barthes? Não sei, mas garanto que emagreci mais do que minha amiga que foi lá fazer a massagem no sábado! E foi só dormindo! hahahah

A saga da sedentária

7 de April de 2008

Então eu queria começar a fazer yoga (ou, como diria a Ingrid Guimarães, pra ser cool se fala praticar yÔga). Como classe média complexada, mão de vaca inveterada e sem saco de pedir dinheiro e argumentar com meu pai, fui procurar lugares que oferecem esta bela filosofia de vida de grátis! Achei um centro de atletismo, bem pertinho aqui de casa, onde fui informada que os portões abririam as 7h da manhã, mas que eu poderia ir antes porque tinha fila pra distribuição de filas. Repensei o tamanho da minha força de vontade e fui, cambaleando de sono, num dia de garoa, pra fila do CETE. Tinham crianças lá. Tinham velhas lá. Tinham pessoas caminhando na pista. Gente, alooou! É madrugada e vocês estão aí com a maior naturalidade do mundo! E, óbvio, pessoas desocupadas sedentas por qualquer coisa grátis se amontoaram com a voracidade de leões pra cima das tais fichas. Tá, não foi bem assim, era por ordem de chegada mesmo, mas enfim, oito vagas de Yoga gratuitas se foram em, sei lá, um desvio de olhar. Fiquei chateada, mas já que estava lá fiquei pra ver o que mais me ofereceriam. Um cafezinho? Aceito. Uma meia? Aceito. Furada? Hm… Ok! Sem par? Ahhh, que seja! Então me inscrevi pra fazer GAP. Parece um nome chique de algo super elaborado que você faz com acessórios tecnológicos, mas é apenas a sigla de Glúteos, Abdômen e Pernas. Minha mãe descobriu um dia depois e também se decepcionou, mas enfim.

Hoje foi minha primeira aula (depois de ter matado as duas primeiras pra ver Coração de Estudante). Antes, preciso dar um rápido contexto da minha vida de atleta. Com 6 anos a minha Ed. Física era descer escadas do colégio num colchão velho, aos 8 minha prof. chamou minha mãe porque eu tinha medo da bola, aos 10 eu estava na natação, expert no exercício de procurar os brinquedos que fazem “squeeze” escondidos na piscina, aos 13 eu fingia cólica pra ficar sentada no banco do ginásio e com 17 eu era uma super goleira motivadora do pior time das meninas da turma. Eu fiz academia por um tempo, e saia de lá me sentindo a pessoa mais saudável do mundo, mas academia cansa e eu voltei pro meu esquema “escola, cinema, clube, televisão“. Cinco anos depois, me deparo com uma aula com colchonetes, exercícios, bundinhas flácidas e o pessoal de meia num tatame, em plena Forno Alegre com -30% de umidade e o sol a pino das 3 da tarde batendo na cara através do teto de vidro. A maioria das pessoas devia ter em torno de 40-50 anos, e eu, com meus belos 21 aninhos, fui a que mais reclamou durante toda aula. Sério, minhas pernas (e até os braços, eu nem sei como) tremiam, fiquei com cãibra na panturrilha, fiz 6 abdominais (com o pensamento fixo de que meu abdômen já é bem definido e não preciso disso) e consegui esticar meu braço mais ou menos até o joelho na hora do alongamento, devido à minha extrema facilidade com flexibilidade.

Só tenho uma coisa a dizer: ¬¬.

Tudo bem, com certeza segunda-feira que vem eu estarei mais acostumada. É, segunda. Estou pensando em começar a ver Cabocla e matar a aula de quarta e sexta. ¬¬