Espelho, espelho meu

7 de December de 2009

ctrl-c-v

Irmãos gêmeos. Taí uma coisa que eu acho super estranha e não gostaria de experimentar. Imagina ter um clone, um espelho vivo andando por aí, mas sem repetir os movimentos e gestos que você faz na frente dele. Eu nunca gostei nem de ir de duplinha em festa a fantasia, imagina viver essa realidade todo dia. É como sair do próprio corpo e sentir como seria observar um outro você vivendo a vida. E como seria essa outra pessoa que é a sua cara? O que ela faria com o cabelo? O que ela iria gostar e odiar no próprio corpo? Que estilo e quais roupas ela usaria? Qual seria o jeito que ela iria falar? E você, sendo exatamente igual a essa pessoa, faria o mesmo? Dividiria, além da forma física, a personalidade? Acho dificílimo pensar nisso. E acho pior ainda imaginar que são duas pessoas que nascem da mesma mãe, no mesmo dia, com a mesma família, com o mesmo rosto, porém morrem em situações diferentes. Você estaria preparado para ver seu clone deixar esse mundo? Sinistro, hein? Definitivamente, esse negócio de gêmeos me assusta mais que a noiva do Chuck.

O que você faz quando ninguém te vê fazendo?

12 de October de 2009

amelie

Todo mundo tem estranhos ou pequenos prazeres que são capazes de mudar qualquer dia emburrado, até mesmo os de TPM. Prazeres daqueles de Amélie Poulain, que talvez só você sinta graça. E, tal qual a Amélie, quando eu era pequena amava enfiar a mão dentro de um saco de feijão ou lentilha no armazém da esquina, enquanto minha mãe tava lá do outro lado do corredor. Pena que hoje em dia nem armazém existe mais, quanto mais o saco de feijão! Mas com o tempo eu fui descobrindo outras coisinhas que são bem bobas, mas divertem muito. Eu adoro escrever meu nome no vidro embaçado do box no banho. Eu sei, eu sei que às vezes fica marcado e não sai nem com água, mas não consigo evitar. Minha letra parece mais bonita quando escrevo direto com meu dedo, e às vezes até letra de música sai lá. Também tenho um pequeno prazer de infância que é comer farinha láctea. Nem é do gosto que eu gosto, mas sim dela grudando no céu da boca e deixando tudo enfarofado. No outono, adoro pisar encima das folhas secas no chão. E, é claro, nada melhor do que chegar em casa e ligar o som bem alto naquela música breguíssima que faz você até desabilitar “o que eu estou ouvindo” do MSN só pra poder cantar e dançar sozinha no quarto.

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Gente, só pra avisar que esse meu post saiu na edição 1081 da Capricho (que está nas bancas agora, com a capa da Fresno!! Yay! Abaixo a página!



Eu, Aninha e Flávia e as meninas do leia+ (you go, Gil).

Prazer, Kong. King Kong.

2 de June de 2009

kingkong

Eu nunca fui uma pessoa de micos convencionais. Claro que já beijei o chão na rua, caí da cadeira na aula, já dei foras e tive que consertar na hora ou sair correndo. Mas isso não é algo freqüente no meu dia-a-dia, até porque nem lembro da última vez que aconteceram coisas assim. Em compensação, alguns king kongs permeiam minha vida. Situações tão constrangedoras que viram chacota pro resto da vida e eu preciso aprender a conviver com isso toda vez que minha família se reune. Uma história clássica que sempre ressurge nos almoços de domingo é o dia em que eu abracei um cara qualquer num supermercado achando que era meu pai. Ele estava de costas e eu não tenho culpa se meu pai tem características padrão de pai: meio gordinho, estatura média e careca. Se fosse o Homer, eu abraçava. Não bastou abraçar, eu ainda disse “Aiai, PAPI” e quando aquele homem olhou pra mim extremamente surpreso, talvez lembrando de alguma ex-namorada e prevendo a cena de uma mulher gritando loucamente que queria um exame de DNA e tudo que ele tem na conta do banco, eu percebi que meu pai verdadeiro tava do outro lado do corredor, já rindo muito de mim.

Outras histórias:

Outra que adoram lembrar é a vez em que eu ganhei um cachorro Husky de pelúcia no Natal e… chorei. Chorei muito. MUITO. Chorei repetindo 3057 vezes a frase “meu Husky!!!”, enquanto todos entravam em conflito se era felicidade ou uma mágoa profunda com um erro do Papai Noel. Eles filmaram e acham a maior graça assistir isso hoje, uns 15 anos depois, rindo muito da minha cara. Eu, particularmente, continuo achando lindo o fato de uma criança conhecer tão cedo o papel da emoção, enquanto limpo algumas lágrimas ao lembrar do meu querido Husky.

E, é claro, o mico mais recente eu contei aqui no blog, que foi o dia em que todos os salões de beleza de Porto Alegre pararam porque a idiota aqui marcou de fazer a unha em todos eles, achando que era uma alguma deusa indiana com mil braços ou sei lá o quê.

Eu só vou se for de DeLorean

20 de April de 2009

delorean

Voltar no tempo não é pra qualquer um. É preciso ser mágico, louco ou Marty McFly. Mas e se você pudesse voltar no passado? Eu não mudaria nada da minha história, me orgulho muito da minha infância e me diverti muito na adolescência. Mas eu faria questão de viajar no tempo, e minha primeira parada seria os anos 80. Eu nasci em 1986 e acompanhei muitos dos clássicos da década, mas imagino como seria viver tudo aquilo hoje, com 22 anos. Poder sair sabendo que ninguém iria te achar, pois celular ainda não fazia parte da nossa rotina. Chapinha? Progressiva? Que nada! Lava o cabelo e sai no vento, porque a moda é ter volume. Eu teria saído às ruas para comemorar quando foi decretado o fim da Ditadura e a volta dos exilados. Também comemoraria o decreto que todas as mulheres teriam cintura, porque passar o dia inteiro com uma calça de cintura alta apertada sem respirar direito tem que ter uma vantagem. Eu poderia ver o show da banda que marcou a minha vida, antes mesmo de eu nascer, a Legião Urbana. Eu poderia ter assistido Os Goonies no cinema, ao invés de ter conhecido Sloth pela minha tv de 14 polegadas. Eu dançaria lambada sem que isso fosse considerado brega. Eu veria Roque Santeiro, na falta de um computador e de uma tv a cabo. Mas eu só faria essa viagem se fosse de DeLorean, a máquina do tempo em forma de carro inventada pelo Dr. Brown. Só assim eu poderia ir e voltar numa boa, pra poder contar tudo isso no meu blog, enquanto ainda vestisse minhas polainas.