Eu esperei o momento de eu realmente ter um pouco de propriedade pra falar do Woody. É, o Woody. Agora somos praticamente íntimos, por minha parte, é claro, uma vez que percebi um reflexo da minha personalidade na dele.
Tudo começou quando o dono de uma locadora praticamente atirou o DVD de Scoop no colo do André, meu namorado. Eu, que sempre ouvi falarem que “os diálogos de Woody Allen são uma chatisse” e que “seus últimos filmes decaíram muito” já não era a pessoa mais animada pra assistir o filme, principalmente porque não, eu não gosto da Scarlett Johansson. É provável que seja aquela inveja feminina mesmo, já que ela é linda, sexy e ex-namorada do Josh Hartnett. Enfim, adorei Scoop! Achei engraçadíssimo, diferente, diálogos rápidos e até curti a Scarlett! Apesar de muita gente ter metido o pau no filme, foi meu primeiro Woody Allen e, sabendo que os críticos falavam em retrocesso, me estimulei a ver os outros filmes, já que o considerado fracasso tinha me agradado bastante.
No caminho da regressiva, encontrei O Sonho de Cassandra passando no Cinema.
Meu primeiro Woody Allen drama! Tão, mas tão diferente de Scoop. Culpas, uma história tensa, cheia de reviravoltas, mas que ainda era Woody Allen. Parti então para o tão elogiado Annie Hall (ou “de-onde-surgiu-essa-tradução-? Noivo Neurótico, Noiva Nervosa). Estava confirmado: eu sou o Woody Allen. As manias, o fala-fala, as discussões infundadas e pessoais sobre o ser humano, o universo e além. As idéias que brotam do nada, o medo da morte, o medo de doenças, a inconstância, o pessimismo e ao mesmo tempo o amor por tudo. Segui com What’s New Pussy Cat, Manhattan, A Última Noite de Bóris Grushenko, Zelig, Dirigindo no Escuro e Match Point. Sei que ainda faltam muitos filmes, mas achei que neste estágio eu já poderia me dizer fã e comentar o estilo do diretor.Também li um dos três livros que reunem crônicas do Woody Allen, da época de 70, chamado Cuca Fundida. Com o livro, cheguei à uma conclusão. Já li muitas pessoas dizendo que Woody se repete, e até esse um assunto bastante repetitivo (er..) em torno dos seus filmes mais novos. Porém, eu vejo isso como um motivo ainda maior para admirar esse cara baixinho e dos óculos com armação grossa. Eu acho uma coisa incrível que ele consiga elaborar histórias diferentes com os mesmos elementos. No livro, você pode notar que certas “palavras-chave” sempre aparecem em suas crônicas, como ceroulas por exemplo, mas as histórias fazem você viajar na maionese com tanta originalidade. Outra coisa que todos sabem é que Woody adora explorar manias e neuroses comuns à várias pessoas, e gosta de citar seus diretores e filósofos preferidos em suas obras.
Sei que nem todo mundo vai acabar pensando como eu, e vai cont
inuar achando que “os diálogos de Woody Allen são uma chatisse” e que “seus últimos filmes decaíram muito”, mas é uma questão pessoal e ele mesmo diz que “é muito difícil ser Woody Allen”, imagine então gostar!