Acho que talvez 99,9% dos homens não entendem, e pelo menos 99,9% não se conformam, mas ela existe. A TPM. O processo todo, na verdade, é bem simples: enquanto uma parte do nosso corpo se autodestrói e tenta expelir seus restos mortais nos momentos mais impróprios do nosso dia, algumas das palavras mais banais do nosso cotidiano adquirem novos significados na nossa mente desequilibrada.
Por exemplo, o seu chefe não é mais apenas alguém com um poder superior ao seu dentro de uma empresa. Não, ele é o capeta em forma de empresário que, acima de tudo, só pensa em ferrar com a vida de todo mundo, inclusive a sua. Não satisfeito, justo no dia em que seu útero resolveu virar sádico, ele humilha você na frente de todas as suas colegas. Colegas estas que deixam o posto de pessoas que fazem parte da mesma coorporação que você e imediatamente assumem o de bando de vacas que tem o cabelo e a bunda muito melhores do que a sua e adorariam roubar o seu namorado. É verdade, pode procurar no dicionário da TPM. O namorado, por sua vez, se transforma num cara mega insensível que acha que consegue agradar uma mulher apenas presenteando-a com flores, chocolates e uma réles declaração numa faixa de avião. Nos poupe. Aí você vai dormir concluindo que o mundo, aquilo que antes era considerado o conjunto de espaço, corpos e seres que a vista humana pode abranger, definitivamente significa um lugar sujo e injusto que nunca vai entender e valorizar a pessoa que você é. A vida acabou.
No outro dia, depois de ter cuspido na cara do seu chefe, saído no tapa com duas loiras oxigenadas do trabalho e ameaçado mais de 27 vezes terminar o namoro, você acorda e pensa: “Nossa, como eu tava chatinha ontem! Que boba!” e vive tranquilamente por mais 28 dias como se nada, nunca, tivesse acontecido.