E nasce Inacio

4 de September de 2014

Sem anestesia, sem soro ou ocitocina sintética, sem episio e sem acento no nome. Assim eu escolhi que nascesse o Inacio.

Mas como eu fiz essa escolha e como foi o meu parto?

Pra quem não acompanhou toda a história no blog, eu tenho um namorado que se pudesse teria gerado 9 meses, parido e amamentado o filho. O Rafa participou muito, e foi compartilhando tudo que ele via e lia que eu me informei sobre o parto. Descobri que informação é poder, e tendo esse poder fica muito mais fácil decidir o que você quer e lutar por isso. Infelizmente, nem todo mundo sabe disso ou concorda e muitas mulheres abrem mão desse poder. Aqui no Brasil as coisas tomaram um rumo bizarro e acabou ficando difícil ter os nossos direitos na hora do parto. Difícil, mas não impossível! Saimos em busca e achamos as pessoas certas para nos acompanhar nesse momento, e assim conhecemos o Dr. Ricardo Jones e sua mulher, a enfermeira obstetriz Zeza Jones, e a doula Zezé.

Meu bebê estava previsto para o dia 04 de março de 2014. Adivinhem? Dia de Carnaval: Inacio já iria nascer sambando na cara da sociedade. Algumas pessoas me alertaram sobre mudanças de lua e eu, cética, nem prestei atenção nisso. Até que no dia 13/02 para 14/02 mudou a lua pra Lua Cheia. Passei mal. Dia 21/02 para 22/02 mudou a lua para Lua Minguante. Passei mal. Dia 28 de fevereiro para 01 de março iria mudar a lua pra Lua Nova. Lua NOVA! Coloquei na cabeça que, depois de ter passado por duas trocas de lua que me afetaram de alguma forma, era nessa que ia começar meu parto. Fiz biscoitos com forminhas de mamadeira e bercinho, deixei uma garrafa térmica cheia de chá e a bolsa da maternidade do lado da porta. Eu tinha C-E-R-T-E-Z-A que esse seria o dia.

Eu e o Rafa passamos o dia 01 todo meio que esperando aquela cena de filme, em que a bolsa estoura e começa a preparação de ligar para a doula, parteira, e… nada. À noite, um casal de amigos veio aqui em casa fazer uma janta, um quiche de cebola. Nada, nada, nem perto de eu me sentir diferente. Eles foram embora perto da meia noite e eu e o Rafa ficamos no computador, conversando, ouvindo música. Acabei dormindo de roupa mesmo atravessada no meio da cama e acordei lá pelas 3h da madrugada com uma espécie de cólica. Na verdade, eu acordei por causa da cólica. AHÁ! Sabia! Quiche de cebola indutor de partos. Falei pro Rafa que era pra ele contar os intervalos e fui pra baixo do chuveiro, pois sabia que se passasse não era nada. Fiquei gritando lá do chuveiro “começou!”… “deeeeu!” hahahaha Rafael tecnológico abandonou o caderninho e baixou rapidamente um aplicativo de contar o tempo das contrações. Fiquei com vergonha de ligar para a Zeza em plena madrugada (como se isso nunca acontecesse com ela) e esperamos um pouco mais. Enquanto isso, eu tava rindo e fazendo altos bullying com as minhas contrações dizendo “o queeee? é só isso? pffff, que dorzinha mais ridícula! manda mais pressão no útero que tá pouca!”. Sim, eu estava cutucando a onça com vara curta.

Depois de um bom tempo nessas de “mais uma!”… “cabôôô”, o Rafa ligou pra Zeza. Ela disse que era pra esperar ficar um pouquinho mais forte e chamar a Zezé, minha doula. Ligamos pra Zezé lá pelas 7h da manhã e ela prontamente tomou um café e veio aqui pra casa. Uhu! Trabalho de parto! A Zezé me explicou que era pra respirar tentando soltar o ar com a boca aberta e fazendo um som alto, tipo me libertando mesmo. Imaginar que estava ajudando também a abrir o caminho para o Inacio, e me abrir para uma nova fase. Me concentrei bastante para meu psicológico colaborar, já que ele é essencial no trabalho de parto, e foquei nos exercícios. Respira, rebola, se solta, aceita. O Rafa fez uns vídeos desse momento e eu parecia estar chapada. Sinal de que tudo estava indo bem! :)

Em casa

Em casa

Aí a Zezé me perguntou “dor de 1 a 5?” e eu respondi “ah, uns 3!”. Dava pra aguentar, apesar de já sentir uma dor mais desconfortável. Estávamos perto da 1h da tarde e ela achou que devia ligar pro Ricardo vir pra cá e fazer um exame de toque. Ele veio, comeu biscoitinho, fez o exame e já estávamos em quase 7cm de dilatação! Fiquei muito feliz! Estava tudo dando certo, fluindo, exatamente como eu queria e minha bolsa ainda estava intacta! Mas aí eu fiz mais alguns exercícios, agachando durante as contrações e… ela estorou! O Ricado pediu pra eu ficar mais uma hora no chuveiro que depois faríamos outro exame. Ok, nesse momento eu estava com a bola de pilates dentro da banheira, com uma mão me segurando num lençol amarrado na minha janela e outra mão segurando em outro lençol amarrado no meu box. Começou a ficar um pouco mais tenso o negócio. Eu já não me sentia muito bem em várias posições e as contrações estavam se vingando de mim. Próximo exame de toque: 9cm de dilatação! Só faltava mais 1cm para a dilatação total!

Mesmo eu tendo mudado de ideia na hora e topado um parto em casa, a Zeza estava de plantão e a gente decidiu que era hora de ir pro hospital Divina Providência, aqui em Porto Alegre. Eram 3h da tarde. Eu pensei que com 9cm estava a minutos de ter o bebê, que ele poderia nascer no caminho, dentro do carro. Ah, o carro… não foi uma boa experiência. Quem estava em outros carros e olhava pro banco de trás do meu provavelmente via algo parecido com isso:

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Dor de 1 a 5? Acho que 5.

Chegamos no hospital e já não gostei… estava com contrações fortes e tive que mudar de ambiente e nervosa pensando que alguém do hospital ia encher o saco com qualquer coisa. O Rafa ficou na recepção pra pegar papéis pra preencher e eu fiquei numa sala de pré-parto. Depois, quando fui pra sala de parto, por mais que o tempo passasse, parecia que o meu desenvolvimento tinha estagnado. Cancela o parto, galera, não vai rolar. Comecei a desistir. Zeza, Zezé e Ricardo me olhavam do tipo “ah, ela chegou na fase de desistir”, porque essa fase, gente, ela é real. Parece que simplesmente não vai dar, não vai evoluir, você vai ficar ali sentindo contrações pra sempre. Você está cansada e em outro planeta, querendo acreditar que a dor vai sumir e uma cegonha irá trazer seu bebê.

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Companheiros

Passaram-se umas 3 horas e eu não sentia a coisa andando. Comecei a ficar irritada porque me senti frustrada. Pô, 9cm de dilatação não é quase ganhando? Mas, hoje, eu vejo que foi exatamente essa expectativa e frustração que fizeram com que a parte final do meu trabalho de parto fosse mais lenta. Tenho várias lembranças embaçadas dessas 3 horas, e só consigo lembrar de chegar no hospital / Zeza chegando na sala / eu sentada no colo do Rafa / eu no chuveiro / eu na cama já de cócoras. Eu, pessoa sedentária que se quisesse dançar até o chão numa festa sentiria os joelhos tremerem e perigando não levantar nunca mais, de cócoras.

cadeira

Tenso!

Tenso!

Eu não me preparei para esta posição e jamais pensaria que ia conseguir parir assim. Embora exista a dor, o expulsivo venha com ardência e por alguns segundos parece que tudo é impossível, isso é muito diferente de SOFRER. É difícil, é um momento de transição, e todo momento de transição é dolorido. Porém, nem sempre é sofrido. Meu expulsivo foi dolorido e um pouco devagar, mas de um segundo pro outro o Inacio nasceu! Às 7h14 da noite, com 4,300kg e 52cm.

Parto

Parto

E aí, de repente, não sentia mais dor nenhuma! Era como se nunca tivesse sentido. Tudo estava bem, não fosse o azar de pegar uma pediatra plantonista que levou o Inacio, sem deixar ele mamar. Segurei ele rapidamente depois do parto, em meio a conversas meio preocupadas das enfermeiras do hospital, que pareciam nunca ter visto um parto normal. Parto domiciliar para o próximo filho, sim ou com certeza?

A expulsão da placenta foi super tranquila, mas tive que dar alguns pontos por causa de lacerações. O Inacio ficou um tempo em observação e eu também, e mais à noite subimos pro quarto. Estava bem cansada, mas com um filhinho lindo dormindo do meu lado! :) O meu mamutinho. Não tive ataque de pânico, não tive problemas de dilatação e acho que mesmo que eu tenha aprendido a confiar mais no meu corpo, foi super importante estar com pessoas que também confiaram. A Zezé e a Zeza parece que criaram um círculo de energia feminina ao meu redor e isso dá muita força, é algo quase mágico. Missão cumprida com sucesso! E ali começava a Era Inacio…

heart

Inacio

Rafa e Inacio

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Nós

A finaleira – último trimestre da gravidez

22 de July de 2014
Barrigón viajante

El barrigón viajante – 7 meses

O último e derradeiro trimestre, enfim, chegou. E foi o mais movimentado!

Aproveitei que minha gravidez estava normal e saudável, com todos os exames em dia e planejei uma viagem com o Rafa e a sogra. Quem viaja com a sogra? Eu aqui! Com 7 meses de gravidez, fomos visitar os hermanos aqui do lado fazendo o roteiro Montevideo, Colônia del Sacramento e Buenos Aires. Me surpreendi com o quanto que aguentei caminhar – ainda mais no calorão que fez em dezembro por lá. Caminhei mais do que Forrest Gump correu, subi de escadas o farol de 27 metros de altura de Colônia, comi alfajor e sorvete Freddo e voltei um pouco mais pobre, mas feliz. E ainda grávida, beeem grávida.

No terceiro trimestre também foi quando montamos o quartinho do Inacio. Seguimos muitas coisas do método Montessori pro quarto, então pretendo fazer um post mostrando detalhes, já que tem várias coisas diferentes – como a ausência do berço, por exemplo.

Com nosso obstetra e parteira definidos, também estava decidido que meu parto seria normal e sem nenhuma intervenção desnecessária e/ou que eu não quisesse, como a indução com soro+ocitocina sintética, a anestesia e a episiotomia. Racionalmente, eu já tinha lido bastante, tinha o apoio do Rafa (o apoio do parceiro é o principal para a grávida!), tinha plena confiança nos profissionais que eu escolhi para estarem comigo durante o parto e sabia que estava escolhendo a melhor opção que existe pro meu bebê nascer. Mas, no fundo do meu âmago, comecei a ter muitas dúvidas se EU era o tipo de pessoa para este parto. Quem acompanha o blog sabe que já sofri com crises de pânico e faço tratamento para isso, além de me auto julgar uma “cagona”. Aí essa pessoa decide fazer um parto natural, WTF? Eu via entrevistas com outras mulheres que decidiram pelo PN e pensava “esse é o tipo de mulher que eu QUERO SER, não o que eu SOU. será que não estou tomando uma decisão que não vou conseguir enfrentar?”. Eu nunca fui aquela pessoa de atitude, super determinada e destemida. Eu sempre quis ser assim, mas a verdade é que passei anos queimando – quase – todos os meus neurônios me remoendo de ansiedade, com incertezas sobre tudo, sempre assombrada pelos “e se…” da vida. E esses eram meus medos somente em relação ao parto, ainda tinha toda uma névoa sobre o futuro de ser mãe e criar uma criança!

Mas aí, a terapia mostrou seu valor novamente. Me dei conta de que, mesmo que eu não seja a menina que se joga do bungee jump sem pensar e vive a vida sabendo (ou achando que sabe) exatamente o que quer, eu tinha uma vida resultado de muitas escolhas que talvez fossem bem difíceis para outras pessoas, mas eu fui lá e fiz. É só lembrar dos posts Retrospectiva Whatever e Retrospectiva Whatever – Parte II. Outra coisa que ajudou foi que minha parteira, a Zeza, criou um grupo com as mães que teriam filhos em março e nós nos reuníamos duas vezes por semana para tirar dúvidas, ver vídeos, conversar. Ela distribuiu materiais com mais informações sobre o que acontece durante o parto, deu dicas de como cuidar de um recém nascido, como colocar o sling, o que é mito e o que não é, como funciona a amamentação. Enfim, tudo que eu precisava! Depois do primeiro encontro, criei uma confiança de que tudo ia dar certo e fiquei bem mais tranquila.

Considero que meu final de gravidez muito bom, mesmo que eu tenha enfrentado um verão de calor infernal. Minha principal atividade era dormir, com algumas dificuldades, claro. Veja bem, a Moca foi acostumada a dormir na cama com a gente e considero este dano irreversível. Ela dorme nos meus pés ou posicionada estrategicamente atrás dos meus joelhos, então faz peso nas minhas pernas (oi caimbras!) e dificulta quando quero me virar. Além disso, ela também “trava” o lençol e eu acordo com frio. Pior que marido sem noção! Aí minha maior alegria de dormir, que era me espatifar de bruços com uma perna em cada continente e jogando os braços pra cima batendo na palma da mão ignorando total que existem mais seres na cama comigo não era mais possível por motivos de: barriga. A cereja do bolo é o Rafa, que gosta de colocar a pequenina perna dele por cima de mim. Fiz uma ilustração, pra vocês entenderem melhor:

Sleeping during pregnancy

MESMO ASSIM, dormi mais do que nunca. Tinha dias em que eu acordava, almoçava e dormia de novo. Acho que levei muito a sério quando me disseram “dorme agora, porque depois tu vai passar um booom tempo sem dormir”. Além disso, a data provável se aproximava e esse era o melhor jeito de esperar o Inacio.

E a minha barriga? Bom, dá uma olhada na última foto que tirei antes do Inacio nascer, horas antes de começar o trabalho de parto:

Última foto grávida - 39 semanas

Última foto grávida – 39 semanas

No próximo post, é claro, eu conto como foi o parto e se eu infartei/tive ataque de pânico/vomitei/arreguei ou não! :P

O segundo trimestre

16 de April de 2014
19 semanas

19 semanas

No segundo trimestre, finalmente eu ganhei uma barriguinha. Já me sentia mais a vontade nas filas preferenciais, sem parecer que eu era uma aproveitadora. Além disso, grávida pode usar qualquer roupa. É o único momento na vida de uma mulher em que uma blusa ou vestido marcando sua barriga não importa, e todos ainda elogiam!

Ao contrário do que eu pensava, acabei gostando da barriga e – pasmem – das pessoas pedindo pra tocar nela. Principalmente depois que o bebê começou a mexer, eu queria compartilhar ao máximo a sensação de sentir a movimentação dele e achava demais a reação das pessoas mais próximas sentindo os chutes e pontapés. Primeira mordida de língua sobre a gravidez: check!

Voltando às filas preferenciais, descobri que elas são puro bullshit. Como eu nunca tinha me dado conta? Imagine uma fila para idosos. Essa fila não pode ser rápida, muito menos mais rápida do que outras filas. Idosos que pagam com moedinhas, que demoram para encontrar essas moedinhas na bolsa, que erram na hora de pagar com essas moedinhas e que passam os produtos de maneira muito, muito lenta. Eu passei um bom tempo nas tais filas preferenciais, de banco à supermercado, e concluí que nelas eu ganho a preferência de começar a esperar.

No quarto mês nós fizemos a ecografia onde descobrimos o sexo do bebê. Um menino, para meu desespero! Sim, porque até então eu achava que era menina e nós tínhamos um nome escolhido. Já para menino, todas as nossas opções eram caóticas: o que eu gostava, o Rafa odiava; e vice-versa. Além de eu ter ficado super frustrada que minha “intuição de mãe” falhou.

Aí veio a saga do nome. Rafael queria Humberto, em homenagem ao Humberto Gessinger. Olha, eu aprovaria se fosse Gessinger, mas Humberto não dava. Nada contra os Humbertos desse mundo, mas eu tenho uma implicância com a letra H e queria um nome mais curto. O meu H também é muito feio e eu não admito escrever o nome do meu filho com letra feia. Sim, meus argumentos eram super fortes e consegui, assim, tirar esse nome da lista de opções. O difícil de escolher nome é que todos que você pensa ficam atrelados à personalidade das pessoas que você conhece com aquele nome. Ou seja, além de encontrar um nome que agradasse os dois pais, tinha que ser algo diferente a ponto de não conhecermos ninguém com aquele nome. E assim surgiu: Inacio!

Foi nesse trimestre também que o Rafa começou uma imersão no mundo dos partos – enquanto eu nem queria ver foto de cordão umbilical. Ele me convenceu a assistir um documentário chamado The Business of Being Born, e esse seria o separador de águas da minha gravidez, quando decidi que meu parto seria natural e humanizado. Mas isso é assunto para outro post! :)

O segundo trimestre é o mais tranquilo e não foi diferente pra mim. Eu segui sem sintomas chatos, mas passar aspirador na casa foi ficando um pouco mais cansativo. Mesmo assim, foi especial por todos os acontecimentos acima. No próximo post conto como foram os três meses a seguir, a finaleira da gestação no verão mais quente que Porto Alegre viu nos últimos 100 anos.

25 semanas

25 semanas

Os primeiros 3 meses

19 de September de 2013

3 meses

E foram-se os 3 primeiros meses de gravidez. Aqueles que julgam serem os mais chatos, os mais sintomáticos, os mais blé. Porém, eu não tive a maioria dos sintomas clássicos, sabe? Aqueles que a gente vê em novela e já se liga “essa louca tá grávida”. Eu tive enjôos, por exemplo, apenas duas vezes. E as duas vezes eu acredito seriamente que não tinham nada a ver com o bebê, e sim com a mãe de alma gordinha: da primeira vez desconfio que tenha sido uma barra de Milka 300g devorada em apenas 2 dias, na outra foi uma invenção de congelar hamburguinhos de soja que não acabou nada bem.

Eu tive, sim, nojentices passageiras. Acordava um dia e pensava “meu deus, por que alguém come cenoura? parece tão nojento!”, assim, sem motivos. Os mimimi de comida me fizeram implicar com vários alimentos totalmente aleatórios, sem nenhum argumento. Julguei o ovo, a cenoura, as comidas quentes, as frituras, as massas. Enfim, a maçã se salvou e taí uma coisa que eu poderia passar a vida toda comendo. Mas não a porosa.. e nem a verde. Eca!

A expectativa de ver a tal barriga era – e continua sendo – grande, mas nos primeiros meses a minha mal cresceu. Embora algumas pessoas – querendo muito acreditar – viessem me dizer “olha só essa barriguinha já querendo despontar”, eu pensava silenciosamente que não, meu bem, isso chama-se lordose + fondue da semana passada, não é bebê coisa nenhuma. Mas, né? Ninguém mais me dá oi. Dão oi pra tal barriga de batata frita.

Aliás, eu sou uma pessoa que não teve surto em saber que vou ser responsável por um ser, criar uma pessoa e formar seu caráter, mas sim em saber que minha barriga viraria pública. Todo mundo quer ver, passar a mão e, começa o pavor, DESENHAR nela. Gente, é sério. Eu me arrepio toda só de pensar em chá de fraldas, por causa dos malditos desenhos com batom bagaceiro das tias. Não é porque não sabem comprar pelo catálogo das revistinhas que vão lambuzar minha barriga com um monte de Natura usado, né? E cadê sertralina pra passar por isso? Grávida nem tem essas regalias, tem que matar no peito ou quebrar uns pratos.

Um sintoma que eu tive também foi o tal do olfato aguçado. Até parece legal, tipo um super poder, mas na real não serve pra nada. Ah não ser que comecem a treinar grávidas como pastor alemão, para trabalhar no aeroporto e com policiais. Acabou o tráfico, daí.

Fora os sintomas, as sensações do primeiro trimestre são bem confusas. É algo tipo “dizem que eu estou grávida”, mas juro que nada parece ter mudado em mim, tirando o fato de que eu virei uma pessoa chata que tem que comer bem, se exercitar e não pode beber nada alcoolico. Virei atleta olímpica ou entrei na terceira idade? Nenhum, tô grávida. Dizem.

A falta de interação com o bebê também não contribui pra ficha cair. É como se ele tivesse redes sociais, mas nunca tá online em nada. Aí de vez em quando fazemos umas video(eco)conferências, mas o microfone dele tá estragado e, enfim… carinha difícil esse. Nem foto de perfil tem! :( Espero que seja gato.

Mas é isso! Ainda temos vários meses pela frente, e a cada um deles novas descobertas, rabugices e algumas certezas: o amor cresce, a barriga também, e eu continuo sem poder beber Piña Colada.

Meu querido diário…

18 de September de 2013

Dizer que ando relapsa e pedir desculpas já é costumeiro, eu sei. Nossas idas e vindas estão ficando mais repetitivas do que as da Selena Gomez com o Justin Bieber. Mas a verdade é que meu blog é meu querido diário. Talvez não naquele formato tradicional, de contar como foi o dia, mas sim de ser o lugar onde documento meus pensamentos, os acontecimentos da minha vida, guardar idéias que passaram pela minha cabeça num determinado momento e deixar elas ali, num histórico. Talvez por isso eu tenha tantos obstáculos mentais em escrever cada post, tenho medo de “sujar” meu sagrado histórico que eu construí com tanto carinho com textos que perderam o sentido, não foram escritos “no calor do momento” ou são apenas para constar como uma atualização.

É bacana ter um histórico da vida assim, e eu não me importo que seja aberto. Nunca fiz amigos bebendo leite, mas veja só: fiz amigos criando um blog! E é por isso que eu não posso deixar de compartilhar e documentar aqui um momento super especial da minha vida: eu e o Rafa estamos esperando um babyberry para o ano que vem! Pensem numa pessoa ansiosa e feliz! :)

E ontem ainda fizemos a descoberta: é um menino! YAY!

Espero voltar de vez ao blog, pois não tem como deixar passar em branco essa fase e tenho me inspirado a dividir novamente a vida, com muitas aventuras e alegrias. Agora vai? o/