Prazer, Kong. King Kong.

2 de June de 2009

kingkong

Eu nunca fui uma pessoa de micos convencionais. Claro que já beijei o chão na rua, caí da cadeira na aula, já dei foras e tive que consertar na hora ou sair correndo. Mas isso não é algo freqüente no meu dia-a-dia, até porque nem lembro da última vez que aconteceram coisas assim. Em compensação, alguns king kongs permeiam minha vida. Situações tão constrangedoras que viram chacota pro resto da vida e eu preciso aprender a conviver com isso toda vez que minha família se reune. Uma história clássica que sempre ressurge nos almoços de domingo é o dia em que eu abracei um cara qualquer num supermercado achando que era meu pai. Ele estava de costas e eu não tenho culpa se meu pai tem características padrão de pai: meio gordinho, estatura média e careca. Se fosse o Homer, eu abraçava. Não bastou abraçar, eu ainda disse “Aiai, PAPI” e quando aquele homem olhou pra mim extremamente surpreso, talvez lembrando de alguma ex-namorada e prevendo a cena de uma mulher gritando loucamente que queria um exame de DNA e tudo que ele tem na conta do banco, eu percebi que meu pai verdadeiro tava do outro lado do corredor, já rindo muito de mim.

Outras histórias:

Outra que adoram lembrar é a vez em que eu ganhei um cachorro Husky de pelúcia no Natal e… chorei. Chorei muito. MUITO. Chorei repetindo 3057 vezes a frase “meu Husky!!!”, enquanto todos entravam em conflito se era felicidade ou uma mágoa profunda com um erro do Papai Noel. Eles filmaram e acham a maior graça assistir isso hoje, uns 15 anos depois, rindo muito da minha cara. Eu, particularmente, continuo achando lindo o fato de uma criança conhecer tão cedo o papel da emoção, enquanto limpo algumas lágrimas ao lembrar do meu querido Husky.

E, é claro, o mico mais recente eu contei aqui no blog, que foi o dia em que todos os salões de beleza de Porto Alegre pararam porque a idiota aqui marcou de fazer a unha em todos eles, achando que era uma alguma deusa indiana com mil braços ou sei lá o quê.

Eu só vou se for de DeLorean

20 de April de 2009

delorean

Voltar no tempo não é pra qualquer um. É preciso ser mágico, louco ou Marty McFly. Mas e se você pudesse voltar no passado? Eu não mudaria nada da minha história, me orgulho muito da minha infância e me diverti muito na adolescência. Mas eu faria questão de viajar no tempo, e minha primeira parada seria os anos 80. Eu nasci em 1986 e acompanhei muitos dos clássicos da década, mas imagino como seria viver tudo aquilo hoje, com 22 anos. Poder sair sabendo que ninguém iria te achar, pois celular ainda não fazia parte da nossa rotina. Chapinha? Progressiva? Que nada! Lava o cabelo e sai no vento, porque a moda é ter volume. Eu teria saído às ruas para comemorar quando foi decretado o fim da Ditadura e a volta dos exilados. Também comemoraria o decreto que todas as mulheres teriam cintura, porque passar o dia inteiro com uma calça de cintura alta apertada sem respirar direito tem que ter uma vantagem. Eu poderia ver o show da banda que marcou a minha vida, antes mesmo de eu nascer, a Legião Urbana. Eu poderia ter assistido Os Goonies no cinema, ao invés de ter conhecido Sloth pela minha tv de 14 polegadas. Eu dançaria lambada sem que isso fosse considerado brega. Eu veria Roque Santeiro, na falta de um computador e de uma tv a cabo. Mas eu só faria essa viagem se fosse de DeLorean, a máquina do tempo em forma de carro inventada pelo Dr. Brown. Só assim eu poderia ir e voltar numa boa, pra poder contar tudo isso no meu blog, enquanto ainda vestisse minhas polainas.

A mulher diabo e o feitiço do bigode

8 de March de 2009

Gil sempre foi uma criança sapeca, que passava horas se divertindo ensaiando passos da Gaiola das Popozudas em frente ao espelho, sonhando em um dia ser a rainha do baile de sainha. Gil cresceu, abandonou seu sonho de ser musa da periferia e teve uma adolescência pra lá de normal, chegando até mesmo a se envolver em causas sociais e criar uma teoria, a teoria do Playmobil, onde ela indagava pela falta de bom senso nos cortes de cabelo e afirmava que ninguém possuia nariz. Talvez por isso ela acreditava que o mundo cheirava à merda. Um dia, estava ela navegando na internet quando, em meio à um clipe alternativo de Escoladuz, encontrou o homem de sua vida. Ele aparecia em frações de segundos, era como uma mensagem subliminar. Ela o procurou em academias, no orkut, em listões, em hospitais, em seus sonhos. Mas nada de achar o misterioso Escoladuz que ela apenas sabia que gostava de verde e de andar de carro. Gil passou anos chutando números de telefone, criando combinações de nome + sobrenome e, claro, olhando para cada carro com passageiros que passava em sua rua. E nada aconteceu. Sua fúria e decepção com o mundo foi tanta que chifres cresceram na sua cabeça e um garfo gigante passou a ser seu acessório preferido. Gil virou a Mulher Diabo. Mas essa não é a história de Gil. Essa é a história de Robbie, uma menina que nasceu sem nem mesmo ter buço. E isso é tudo que precisamos saber sobre ela. Certo dia, ela estava feliz e saltitante porque Jorge Versilo, seu amor platônico, a convidou para sair e resolveu comemorar ouvindo sua música preferida “i’m every woman”. Imediatamente tocou uma sirene vermelha em forma de coração na sala de Gil, a Mulher Diabo. Era um sinal de que um novo casal estava prestes a se formar. Ela precisava fazer algo a respeito. Correu para a casa de Robbie, desligou o som, rasgou o poster da turnê 2009 dos Backstreet Boys na parede e disse “tire esse sorriso idiota da cara, garota, porque a partir de hoje, ele será acompanhado de um belo bigode”. E despejou todo seu feitiço contra o antes liso buço de Robbie. Como se não bastasse, rogou que ela ficasse presa no mundinho do Carnaval.

Essa não é uma história real. Mas poderia ser, porque faz muito sentido se vocês olharem o Orkut delas.

Trote nº 3 pro TDB